Relato de parto – PN
Após uma semana, consegui um tempo para escrever o
relato do nascimento de meu filho Cauã.
Ele nasceu no dia 13/01/2014 as 11:28 da manhã, Parto
Normal. Pesando 3445 e com 50 cm. Semana gestacional: 38+1.
Na semana que antecedeu o parto, eu estava muito
animada e bem, tranquila e ciente que meu bebe viria ao mundo no tempo dele.
Nessa semana, dancei, nadei e fiz exercícios de relaxamento com bola de
pilates. Estava realmente mais disposta e animada. Arrumei pendências, arrumei
a casa, finalizei a mala para a maternidade, imprimi meu plano de parto, tirei
fotos da barriga, escrevi no meu diário da gravidez… hoje percebo que fiz tudo
o que “faltava”.
Nessa mesma semana, tive uma mudança no meu muco; Em
duas ocasiões, notei uma gelatina mais firme totalmente transparente. Pensei na
possibilidade de ser o tampão, porém foi muito pouco, e por isso não fiquei
“encucada”. (mesmo porque perder o tampão não significa entrar em trabalho de
parto a curto prazo).
Durante as noites, sentia uma leve cólica, que iam e
vinham, eram tão sutis que eu cheguei a ficar em duvida se era um incômodo, uma
cólica intestinal, ou se eu estava sonhando.. rsrsrs.
No dia 10, comecei a sentir meu intestino diferente; Sentia
vontade de evacuar, mas fazia xixi e a vontade passava. Isso acontecia as
quatro da manha. Há algumas semanas estava levantando sempre por volta das 4hs
para urinar. Um reloginho.
No dia 12, dancei mais um pouco e fui para a piscina.
Um dia normal.
A noite, conversei com amigas, com a sensação de “ainda não está na hora”.
Fui dormir tranquila.
Como nos últimos dias, levantei quietinha para não acordar
o marido, e fui fazer xixi. Tive novamente a vontade de evacuar, de fazer
força… dez segundo a vontade sumiu, fiz xixi, dei risada e voltei para o
quarto.
Chegando no quarto, acendi a luz. Deitei ao lado do
marido, que acordou com a luz no rosto, e falei: - Não sei quando nosso filhote
nasce, mas essa historia de dar vontade de fazer coco e não fazer… hum…
Deixei a luz acesa, passei a mão na barriga, senti o
filhote chutar. Olhei no relógio, exatamente: 4:30, Passou pela cabeça: - nossa,
dia 13… é um número entre meu niver e o niver do marido (15 e 12), seria legal.
Eis que o pensamento foi cortado pelo calor do líquido escorrendo, e por um
barulho de “ploft”.
Acho que fiquei alguns segundos sem respirar, falei
para o marido, que mesmo com a luz acesa já tinha caído no sono: - Acorde,
minha bolsa foi-se.
Fiquei imóvel, recordando os “passos” que viriam a seguir. Lembrei que ficar em
pé poderia fazer parar o “vazamento”, tendo em vista que o bebe funcionaria
como uma “rolha”. Foi o que comentei com o marido e fiz. Levantei em câmera
lenta rsrsrs, peguei uma toalha, e fui até o banheiro.
Chegando ao banheiro, percebi que o liquido tinha parado, e vi na toalha
molhada, um filete de gelatina transparente com risco vermelho, de fato:
tampão.
Recapitulei o que deveria ser “feito”. Afinal das
contas, li muito durante a gestação, entrei em debates, participei de grupos e
lembrava sempre o que o Dr falou: Parto normal é 90% a cabeça da mulher. Eu
busquei garantir meus 90%.
Banho… checar a depilação… lavar os cabelos… ligar para
o médico... tomar água… marcar intervalo de contrações… (mas cadê dores e
contrações?)
- Marido, ligue para o médico, e venha tomar banho
comigo.
Ele ligou, informou do rompimento. O médico falou para não nos afobarmos, que poderíamos
pegar estrada com calma pois tínhamos tempo. Pediu para que ligássemos para ele
assim que chegássemos ao hospital.
Tomei banho, estava feliz, emocionada. Lavei cabelos, deixei a água quente
correr em minhas costas, relaxei, respirei e fui me trocar.
Havia deixado tudo programado.
Uma carta, do que deveria ser levado à maternidade,
estava colada na geladeira, direcionada ao meu marido. “querido papai, leia com
atenção… por último pegue a mamãe e eu, e coloque no carro. Até logo mais, seu
filho, Cauã”.
Depois de pronta, sentei na bola de pilates e liguei o
lap, fazendo hora enquanto o marido corria igual uma barata tonta feliz. Entrei
em grupos de gestantes e amigas que faço parte, e “comuniquei” que em breve teria
meu filhote nos braços.
A essa altura era 5:55. Sei porque encontrei uma amiga
online na net, a qual incentivou muito o
parto normal a mim, nossa madrinha de casamento. Contei a ela que minha bolsa
havia rompido e o que eu estava sentindo:
“- coliquinha
leve das costas p a barriga, mas não posso dizer q to com dor pq nao to. Daqui
a pouco... é ouutraaa historia rsrsrs.
- Aham, a minha comecei a sentir tido 1:30 depois, mas
de levez
- éé entao to
igual hahahahaha (...)
- Vão com Deus e muita calma nessa hr. Relax e enjoy
- to relax,
obrigada pelo carinho!!
- É uma loucura. Kkkk
- ae vou surtar
na partolândia!!!!! Aeeeeeeee huahauha beijão!!!
ore por nós!
- Kkkkkkkkk normal; Literalmente aeeeee!! Pode deixar!
- fuiiiiiii;
vamos em dois voltaremos em 3.”
Desliguei o computador, fiquei me movimentando na bola,
e tentando marcar os intervalos das contrações. Percebi que a dorzinha que eu
sentia nas costas, era justamente o início da uma contração, assim pude ir
marcando. Estavam de 7 em 7 minutos, e logo de 5 em 5 minutos. Algumas passavam
de 50 segundos de duração.
Avisei para meu marido que poderíamos ir.
Em todo esse tempo em casa, eu sentia os movimentos e
chutes do meu filhote, o que me dava mais segurança e tranquilidade. Estávamos
caminhando bem.
Meu marido comeu algo e perguntou se eu estava com
fome, não estava. Havia comido por cinco pessoas na noite anterior, fato que
assustou até minha mãe rsrsrs.
Desde que havia levantado, estava grudada em uma
garrafinha de água. Bebericava vez por outra. No final aceitei um copão de suco
de laranja.
Acendemos uma velinha de baunilha e oramos em silencio.
Abraçamos-nos e fomos.
Eram 6:50 da manhã.
Optamos em não comunicar familiares, saímos iguais
gatinhos a sorrateira. Última coisa que queríamos era causar uma ansiedade
generalizada. Pessoas ligando perguntando –nasceu? –nasceu?... etc etc etc.
Mesmo porque eu teria um parto normal, e o tempo para o desenrolar poderia ser incalculável.
A viagem foi tranquila. Comecei a sentir “desconforto”
pela posição sentada que estava. No meio do caminho o celular toca, era o
médico. – Já chegaram? Vocês estão demorando.
Depois do puxão de orelha, rimos, mais meia hora chegaríamos.
Ouvimos música alta no carro, cantamos, arrisquei fazer uma maquiagem básica
rsrsrsrs... e chegamos ao hospital.
As contrações vinham e iam, não senti cólicas, e sim a
dorzinha chatinha nas costas.
Entrando no hospital, comecei a sentir mais definidas
as contrações. Recordo-me de ter ido ao banheiro fazer xixi enquanto o marido
acertava os papeis no atendimento.
Sei que eu respirava profundamente a cada contração e
me movimentava. Andei de lá para cá e daqui para lá.
Tinha um casal na recepção, a mulher puxou conversa e
contou que fez uma cesariana porque o bebe dela tinha uma circular do cordão no
pescoço no ultimo ultrassom... (affs... perdoe-a, ela não sabia o que dizia).
A enfermeira chegou com uma cadeira de rodas. Olhei
para meu marido e dei risada, voltei para a enfermeira e disse que iria
andando: - por favor, me deixe andar. Fomos.
Andando pelos corredores, fazia paradas para respirar,
agora sim sentia que estava entrando de fato em trabalho de parto. As contrações
deveriam estar ritmadas e próximas, pois parei várias vezes pelo caminho.
Chegando ao quarto já fui procurando onde era o
chuveiro, armários, bercinho do bebe.
Deitei um pouco para aguardar meu marido.
Pouco tempo depois ele chegou. Falei a ele que
trouxesse as malas, e que assim que ele retornasse eu gostaria de entrar no
chuveiro. Ele foi e voltou rápido. Comuniquei-me com algumas amigas via sms, ia
atualizando a medida do possível o que estava ocorrendo.
Uma enfermeira entrou com um avental e informou que eu
já poderia me trocar e separar a primeira troca do bebê.
Levantei, separei a primeira troca do meu filho e fui
até o banheiro. Vontade de fazer xixi, sentei no vaso e fiquei pensando...
meditando... pedi para o marido que enchesse a bola de pilates enquanto isso
(alivia muiiito a pressão nas costas e as contrações).
Lembrei que não tinha feito o “number 2” no último
dia... Esperei um pouco e consegui limpar meu intestino! Oba!! Uma coisa a
menos para me preocupar (não que fosse problema, mas eu sabia que me sentiria
mais “confortável” na hora H sabendo que meu intestino estava vazio).
Liguei o chuveiro, e fiquei lá, sentadinha com a água
batendo nas costas. Já estava sentindo um desconforto razoável na lombar. Era
algo que eu não esperava. Era “dor”, porém nas costas. Hã? Rsrsrsrs.
Voltei para o quarto, meu querido companheiro atento a tudo, carinhoso, fazia
massagens nas costas, acariciava minhas mãos, beijava, e abraçava.
Eram pouco mais de oito horas da manhã, o médico chegou
para examinar. Ligou o aparelhinho, e ouvimos o coração do filhote. Pressão
ok... Contagem de contração ok. Fez o primeiro toque. Contou-nos que de fato
estava com bolsa rota, e que estava em trabalho de parto com 3 para 4 cm de dilatação.
Informou-nos que dali para frente tudo seria uma
caixinha de surpresas. Que o esperado era uma evolução de um cm de dilatação
por hora, mas que isso depende de mulher para mulher. Lembro-me dele falar que
algumas mulheres tem sorte e tudo se desenrola rapidamente.
Ele estimou que nosso bebe poderia nascer até o final
da tarde. Respirei fundo e pensei: vamos em frente.
O médico saiu.
Outra enfermeira, muito querida, entrou. Falou que teve
seu sonhado parto normal, deu umas dicas, e muito apoio (ao contrário da
primeira enfermeira que falou para mim: -
corajosa você em querer parto normal!, depois de perguntar para mim se o
médico disse mesmo que faria o PN,
affs).
Tomou nota da pressão (11x7) e dos batimentos (144
bfpm), e nos deixou a sós.
Daqui para frente minha memória fica pouco confusa,
talvez eu troque a ordem dos acontecimentos. Trabalho de parto ativo chegando!
Recordo que a tal dor na lombar intensificou, eu já não
tinha paciência para registrar os intervalos das contrações, e nem tinha mais o
porquê fazê-lo.
Fiquei minutos na bola, outros em pé, outros apoiada em
uma mesa com meu marido fazendo massagem em mim. Ate deitei, mas vi que não era
confortável durante as contrações.
Fiz agachamentos em alguns momentos, exercícios de
respiração em outros... conversei, e mandei endoidamente sms para as amigas que
acompanharam minha gestação virtualmente hahaha.
Voltei ao chuveiro, a água quente realmente aliviava
qualquer tipo de dor ou desconforto naquele momento. A enfermeira entrou no
quarto sugerindo que eu entrasse no chuveiro, foi então que viu que eu já estava
lá, e sorriu. Saiu novamente e falou que só voltaria caso a chamássemos.
Senti enjoo, vontade de fazer xixi, sono, fome, sede
rsrsrsrs.
Vomitei no chuveiro, senti alívio. Foi-se o suco que havia tomado em casa antes
de sair. Meu organismo trabalhando para limpar tudo.
Saí do chuveiro. Senti o laço “apertando”. Fiz o mesmo
ritual, agachamento, bola, cama, andar, abraçar marido, conversar. Sorrir,
respirar fundo... Não necessariamente nessa ordem. Comecei a entregar-me a dor,
não resistir, e sim entende-la como uma onda... sim uma onda: que vinha e ia.
Enfermeiras entravam verificavam batimentos,
perguntavam algumas coisas que nem lembro e nem tenho ideia do que respondia.
Estava em outro planeta. Curtindo a partolândia. Vomitei mais uma vez, ou duas
ao lado da cama. Eu havia deitado, já não tinha mais posição confortável para
as costas. Tudo passou tão rápido que pareciam segundos acelerados.
Era pouco mais de dez horas, o médico voltou. Perguntou
como eu estava, o avisei que estava vindo nova contração, ele se aproximou e
ouviu o coração do bebe durante o período, estava tudo bem. Coração do bebe em
sintonia com o processo todo.
Foi nesse momento que ele fez novo toque e perguntou:
está firme??
Eu respondi: -depende do que você vai me falar. Rsrsrs- Na minha cabeça se
estivesse com os mesmos 3 para 4 cm, com aquela intensidade de desconforto, e contrações,
eu estaria “frita” ao final do dia rsrsrs.
Ele respondeu: tá evoluindo rápido, você esta com 6
para 7 cm de dilatação já! Nesse momento, tomei um gás! Senti-me mágica e
poderosa! Tenho sorte! Ate brinquei com meu marido: - Aíii sim!! Agora fiquei
macha! Rsrsrsrs.
As contrações estavam empilhadas uma em cima da outra.
Eu já não queria mais usar a bola, andar, agachar... Pensei somente em deitar
para que nos intervalos pudesse “descansar” como se fosse possível com uma
evolução do trabalho de parto naquela velocidade.
Comecei a sentir muita vontade de fazer força durante o
“pico” da contração. Digo pico, porque eu sentia exatamente, os momentos. Uma
dorzinha inicial, um pico megasuperintenso indescritível de uns 5, 10 segundos,
e novamente a dorzinha indo embora a ponto de sumir tudo e eu achar que poderia
percorrer a maratona de São Silvestre.
Segurava nas mãos do meu marido e falava: mais uma!..
ahhhh. Soltava o ar profundamente, ressonava igual levantador de peso nas olimpíadas.
Eram os puxos iniciando.
Não sei porque cargas d`água, eu sentia uma vontade
absurda em fazer força e não fazia. Foi quando a enfermeira, falou para eu fazer
força se sentisse vontade. Que a dor era uma dor sem vergonha, que do mesmo
jeito que vinha, ia. Isso! Dor sem vergonha!!
Foi libertador. Dali para frente cada pico de vontade
eu tomava ar, e fazia forças, a enfermeira saiu novamente, e as contrações
continuaram intensas.
11 horas, eu fazia força a cada 40 segundos. Os picos
eram próximos, e a cada força vinha mais liquido amniótico. Nossa!, como a
bolsa comporta tanto?? Rsrsrs. Sinalizei para meu marido que chamasse o médico.
Vieram, o médico e enfermeiras.
Lembro que eu forçava os pés na cama, e fazia força.
Segundos depois eu tinha um intervalo sereno, tranquilo, inacreditável.
A mão do meu marido já deveria estar roxa... coitado.
Super carinhoso e companheiro.
Fui examinada, o Dr, falou para meu marido: quer ver o
cabelinho do seu filho?? Foi lá meu companheiro de aventuras e viu. Sim! Nosso filho
já estava pronto para sair e tinha cabelinhos escuros!
Depois disso foi um “tropé” para lá e para cá!
Vaiii nascer!! Vamos para a sala de parto (centro cirúrgico).
Fase expulsiva ocorrendo.
O médico saiu na frente, eu esperava um intervalo entre
contrações para pular para a maca, marido a postos com câmera em mãos. Fomos!
Lembro-me da enfermeira falando para eu respirar e
“tentar não fazer força, para chegarmos à sala”.
Aii meu Deus, como não fazer força?? É impossível, a
vontade é primitiva! É única e incontrolável. Tentei conter, mas certeza que
fiz força.
Saímos do quarto 11:18 hs.
Chegamos na CC, (após um tour de elevador), e já iniciaram
os preparativos. Luz, instrumentos e médico a postos.
Mas... e cadê meu marido??? Médico mandou chamar rápido o marido, ele estava
colocando um avental e uma touca. Abriram a porta com ele ao lado e
perguntaram, - Ele já pode entrar? Eu falei: claro que pode! Vem amor! AGORA!
Num intervalo de calmaria pedi ao medico para evitar a
episiotomia caso fosse possível, ele concordou e não o fez como um protocolo.
Somente higienizou e “anestesiou” o local, caso fosse preciso. Concordei.
Acredito que se o Dr tinha confiança assim, que assim fosse.
Uma nova contração veio, eu estava com as perneiras (posição
ginecológica), senti confortável assim para fazer forças (embora muitas
mulheres tenham outras posições como mais agradáveis).
Veio o primeiro puxo, fiz duas forças.
Senti a perneira esquerda quebrar, e as enfermeiras
segurarem.
Passada a contração, conseguia rir, e conversar, eram
segundos... senti minha panturrilha esquerda empelotar, disse ao médico para
esticar minha perna que eu estava com cãibra. Ele prontamente me atendeu e
ainda falou ao meu marido: - não tire fotos agora, vai ficar estranho rsrsrsr. Ri
da cena e falei: - só comigo mesmo.
Veio o segundo puxo, mais duas forças e senti o tal
“círculo de fogo”; pra mim foi um “calor localizado”.
Meu marido contou que eu falava antes das forças com
meu filho. Dizia para trabalharmos em equipe, para ele ajudar... Não gritei em
nenhum momento, apenas soltava o ar fortemente, como se fosse virar meus pulmões
do avesso.
Não recordo de ver marido, enfermeiras médico...
nada... sentia que era somente eu e meu filho. Minha contração e concentração
foram todas para ele.
Escutei, ao fundo, a voz tranquila do médico falando que em mais uma força meu
filho nasceria.
Veio o terceiro puxo. Fiz duas forças e senti meu bebe
descer, senti a cabecinha dele sair, e ainda, só com a cabecinha de fora, ouvi três
“miadinhos” do meu filhote. Enchi-me de emoção e fiz a terceira e última força
no mesmo puxo.
Cada parte do meu bebe pude sentir: ombrinhos,
bracinhos, barriguinha, perninhas e um alívio imediato, um amor sem fim vindo
com um choro forte de um futuro grande homem!
O médico o pegou gentilmente, não pelas perninhas.
Entregou para uma enfermeira que o pôs em meu peito. Meu bebe, direto na minha
barriga para meu colo.
Ficamos alguns instantes contemplando nosso serzinho,
uma emoçao sem fim.
Dores nunca existiram, a natureza é mágica.
Lembro-me de conversar carinhosamente com meu marido,
de agradecê-lo por tudo e de ouvir que poderíamos ter mais 10 filhos, já que
foi “fácil assim” rsrs e eu, concordei! Rsrsrs.
O pediatra, pegou nosso bebe para as avaliações, e para
cortar o restante do cordão. Quando Cauã nasceu, o cordão estava com uma
circular apertada no pescoço, e como ele havia chorado antes de sair
completamente, e não teve como desenrolar o cordão, o médico acabou cortando o
mesmo antes da expulsão. Cortou comprido, mas cortou antes de parar de pulsar.
O filhote ficou com uma marca roxinha em toda parte posterior do pescoço, que
já está quase que imperceptível.
No momento do último puxo, aos 45 min do segundo tempo,
o Dr fez a episio. Levei alguns pontinhos. Posteriormente entendemos e aceitamos
a situação.
Enquanto o pediatra, na mesma sala em que estávamos,
checava nosso bebe, sinalizei para o medico que estava com vontade de fazer
mais uma forcinha, ele riu e disse: - é o irmão dele!
Dei risada e não precisei fazer força, senti a placenta
deslizar e sair sozinha.
O ciclo gestação havia encerrado.
Escutamos muitas parabenizações na sala ainda, todos
vinham cumprimentar com alegria, os médicos e toda a equipe deram as mãos a
nós.
Agradeci ao Dr, foi quando ele falou: - eu não fiz
nada, vocês que fizeram tudo. Foi um momento de orgulho nosso pela conquista.
Filhote nasceu com 3445kg, 50 cm, Apgar 10/10.
Saiu da sala junto comigo, chegamos no quarto juntos,
eu já sentando, e o amamentando pela primeira vez. Já tinha colostro.
A recuperação foi ótima, logo após a primeira “mamada”
já estava almoçando feijão com arroz, tomando banho sozinha, e andando pelo
quarto.
Ali se confirmava a formação de uma nova família!!.
Estamos felizes, e gratos a todos que de alguma forma
nos apoiaram e nos ajudaram em nossas escolhas.
Queremos Bis!
Mah, Adri e Cauã.
Considerações aos grupos e aqueles que desejam um parto normal:
- É fato: O parto normal trouxe um sentimento de “tudo
eu posso”.
- Informação é tudo! Troca de experiências é muito
importante! Mas é bom ter em mente que cada gestação é diferente, assim como
cada trabalho de parto. Li muitos relatos, assisti muitos vídeos, e todos foram
únicos. Obviamente que existem “fases” durante esse processo, e é nesse ponto
que me refiro a informação. Quando se “sabe de antemão” o que esta por vir,
fica mais fácil manter o controle e o foco, desfrutando de cada etapa
alcançada. Atribuo a isso eu não ter tido medo em nenhum momento e não ter se
quer pensado em desistir, nem por um minuto.
- Sobre as tal dor do parto: É realmente uma “dor sem
vergonha”, consigo relatar os detalhes, mas a dor: ficou lá, na sala de parto.
- Confiança nos profissionais é muito importante. Moro
em uma cidade Ovo, pari em uma cidade Ovo e meio, onde parto natural (sem
intervenções) ainda é algo meio “utópico”. Confiei em meu médico, o qual
encontrei com 28 semanas. Embora tenha tido intervenção (episiotomia), entendi que
foi o melhor a ser feito. Se o médico o fez, e assim obteve a segurança para
trazer meu filho ao mundo, eu o respeito.
- Sobre a episio: Não posso reclamar. Os pontos foram
pouco incômodos no início, mas não ao ponto de limitar-me. Saí do hospital sem
senti-los. Com uma semana, já tinham sido absorvidos e/ou caídos. Tive alta
médica após revisão do parto com uma semana. Hoje nem posso falar que levei
pontos no períneo.
e, o mais importante:
Acredito que, em se tratando da questão “parto”, muitas
vezes remar contra a maré, bater de frente, não vale a pena. O que se pode
fazer, ao meu ver, é tentar acertar qual a “onda da maré” condiz melhor com as
suas escolhas. Vivemos num país com limitações, e fica difícil imprimir um
desejo 100% em muitas vezes se os profissionais ainda não estão 100% preparados
para algo tão natural. Em suma: Equilíbrio -ceder e ser respeitado- pode ser a
solução.
Eu achei minha “onda”, remodelei meu “parto” mas sem
sair da essência, e FUI MUITO FELIZ ASSIM.
Por fim:
Desejo a todas as gestantes uma Boa Hora! Que sejam
felizes como eu fui nesse momento de nascimento e renascimento.
Mah.
.