segunda-feira, 9 de julho de 2012

GE – parte 6: frieza e cena mais triste

Relatos de uma GE –parte 6: frieza e cena mais triste

Depois de sermos racionais e nos direcionarmos para o problema começamos a planejar nossos passos, não dava para ficar errando (podia ter complicado tudo essa nossa atrapalhação). Enquanto ele ligava, e finalmente conseguia falar com a medica, relatando os sintomas e inclusive a possibilidade de ser uma G.E., eu começava a colocar algumas roupas em uma mala, toalha, absorvente, sabonete... Olhei para ele e falei que era melhor levar, por que era possível passar por uma cirurgia. Ele concordou. Tomei banho com ajuda dele, lavei o cabelo, abri o guarda roupa, beijei o sapatinho de tricot vermelho do nenem e preparei a alma para a batalha.
Saímos de casa com a certeza que a volta seria dolorosa. Não avisamos ninguém; queríamos ter certeza, alem do mais, o que poderiam fazer... daqui para frente, relato tudo com muita dor mesmo, com muitas lagrimas no teclado, foram as cenas mais tristes que vivi e não tem empatia no mundo que possibilite alguém a sentir o que sentimos.
Chegamos ao consultório. Fomos atendidos, repetimos timtim por timtim, ela falou que teríamos que descartar tudo, que poderia ser algo alimentar em caso normal, mas o fato de estar grávida mudava tudo. Ela falou então que teria que realizar o toque. Feito o exame, e examinado a regiao abdominal, ela fez o pedido de ultrassom de urgência. Escutou novamento o Adri falando sobre a gravidez ectópica.
Fomos realizar o exame e retornar a clinica para definir os procedimentos seqüentes.
No caminho para o ultra, o mundo começou a ruir. Medo de algo certo e uma esperança totalmente inviável de estar tudo bem.
Sentamos na espera. Minha mãe ligou e perguntou para o Adri onde estávamos, ele falou que estávamos em Pg, e mais nada. Disse que estava tudo bem e desligou. Depois disso cai no choro, chorei muito mesmo ali na sala de espera na frente de todo mundo. Desolada. Mandei sms para minha mãe, resumindo que tinha passado mal durante a noite e que iria fazer exame, e ainda que poderia ter complicações. Ela só respondeu: - ok, não me deixe sem noticias, também amo vc.
Sabia que precisava ficar calma, mesmo porque, entrar chorando no exame, na minha percepção, poderia influenciar nas palavras do medico examinador. Então, respiramos e entramos na sala, firme como rochas.
Já na sala a auxiliar pediu para erguer a blusa, o medico entrou e perguntou, como estava, o que era etc etc etc.
Já de inicio, falei que era gestante e que tratava-se de uma emergência, olhei para ele seria e falei – acho que o neném estava preguiçoso e parou no lugar errado.
Ele ficou serio, mas imagino que entendeu que estávamos com pés no chão. Não seria novidade ele der uma noticia ruim, e  nem tão difícil. Optamos por não gravar o US. Ainda bem.
Durante o exame concentrei meu olhar no medico, queria ver a reação dele e formular minhas perguntas sem medo. Quando ele passou o aparelho sobre o abdômen a expressão dele mudou. Vou resumir porque dói muito.
As imagens tinham manchas escuras (liquido no abdômen, na cavidade, solto). Tinha rompimento com certeza, ele falou que tínhamos razão, que o neném estava fora no útero, ainda falou que teria mesmo que passar por procedimento cirúrgico, tudo muito claro. A medição do embriao deu seis semanas e um dia, exatamente como nosso calculo, apesar de tudo ele se desenvolveu normalmente.
... e a imagem mais triste de minha vida, o nenem estava la. Com seis milímetros, e com 132 bcm... ver o coraçãozinho dele batendo...  o inicio dos bracinhos e perninhas. Um lutador nosso neném, vivo apesar do rompimento da trompa. Não vou escrever mais detalhes.
 Laudo: gravidez ectópica localizada ao lado direita da linha mediana, presença de liquido na cavidade abdominal. 

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